15
Mar 09
publicado por aquiagorasempre, às 17:41link do post | comentar

A minha vida tornou-se amarga com o teu amor;os teus olhos

Cegam-me,as tuas tranças queimam-me,os teus suspiros profundos

Dividem a minha carne e o meu espírito com um débil som,

E o meu sangue fortalece-se,e as minhas veias transbordam.

Peço-te que não suspires,não fales,não respires;

Deixa que a vida se reduza a cinzas e sonha que não é a morte.

Queria que o mar nos tivesse escondido,o fogo

(Terás tu medo disso e não receias o meu desejo?)

Quebrou os ossos que branqueiam,a carne que se fende,

E deixa que as nossas cinzas joeiradas caiam como folhas.

Sinto o teu sangue contra o meu;a minha dor

Atormenta-te,e os lábios esmagam os lábios,a veia dilacera a veia.

Que o fruto seja esmagado sobre o fruto,e a flor sobre a flor,

Que o seio desperte o seio e ambos ardam uma hora.

Porque hás tu de seguir um amor sem importância?É o teu

Demasiado fraco para sustentar estas minhas mãos e estes meus lábios?

Exorto-te a que apenas por mim,ó tão amada,

Esmagues o amor com teus belos pés cheios de crueldade,

Exorto-te a que afastes teus lábios dos dela ou dos lábios dele,

Tão doces,até que eles sejam mais doces que o meu beijo:

Para que assim eu não atraia,uma andorinha em vez de uma pomba,

Erotion ou Erinna para o meu amor.

Quem dera que o meu amor te matasse;fico saciado

vendo os vivos e de bom grado te queria morta.

Quem me dera a terra tivesse o teu corpo como fruto para comer,

E que nenhuma boca a nãos ser a de uma serpente te achasse doce.

Quem me dera encontrar maneiras cruéis de mandar matar,

Instrumentos violentos e um excessivo fluxo de dor;

Atormentar-te com agonias amorosas e ameaçar

A vida nos teus lábios e deixa-la aí para doer;

Retirar-te a alma com agonias demasiado suaves para matar,

Interlúdios intoleráveis e infinito mal;

Provocar reincidências e relutância do alento,

Melodias mudas e trêmulos murmúrios da morte.

Estou cansado de todas as tuas palavras e da tua estranha afabilidade,

De todas as noites escaldantes de amor e de todos os seus dias,

E de todos os beijos interrompidos,salgados como espuma,

Que lábios trêmulos tornam úmidos com um vinho mais leve,

E olhos mais azuis por todas aquelas horas escondidas

Que o prazer enche de lágrimas e alimenta de flores,

Cruel fogo no coração que principia a penetra-lo,

Mas deixando uma brancura de flor manchada à volta de azul;

A pálpebra inferior ardente,e a superior

Erguida com um sorriso ou confundida com o amor;


(Tradução de Maria de Lourdes Guimarães)


24
Fev 09
publicado por aquiagorasempre, às 09:24link do post | comentar | ver comentários (1)


Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone.
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead,
Put crépe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song,
I thought that love would last forever: 'I was wrong'

The stars are not wanted now, put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.



Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e abafem o tambor
Tragam o caixão, deixem passar a dor.

Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham laços de crepe nos pescoços das pombas da região,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meu meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: “não tinha razão”.

Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o sol;
Despejem o oceano e varram a floresta;
Pois agora nada mais de bom nos resta.

31
Jan 09
publicado por aquiagorasempre, às 18:01link do post | comentar

Something

Whose dwelling is the light of setting suns,

And the round ocean,and the living air,

And the blue sky,and in the mind of man;-

A motion and a spirit,which impels

All thinking things,all objects of all thought,

and rolls through all things.


Algo

Que habita a luz de sóis poentes,

E o oceano redondo,e o ar vivo,

E o céu azul,e a mente do homem;-

Um movimento e um espírito,que impele

Todas as coisas pensantes,todos os objetos de todo o pensamento,

E atravessa todas as coisas.

(William Wordsworth-traduçao de Luiz Carlos do Nascimento Silva)


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